Capítulo 16 - Instantes
...O jeito como ele me olhava era diferente, acolhedor, não mais que isso, era terno, sim isso mesmo, havia muita ternura em seu olhar.
- Eu vi você outro dia - eu disse finalmente – ali do outro lado do lago, era você não era?
- Sim, era eu mesmo, eu também a vi, costumo vir aqui para pensar, gosto dessa paz.
- Eu também adoro vir aqui...
Capítulo 17 - Acordes
...Assim que a marcação foi iniciada, eu fechei os meus olhos e deslizei meu arco suavemente no violino.
E sem que eu me desse conta, a música explodiu de dentro de mim, eu não pensava, e tinha a impressão que sequer respirava, a música fluía com sua própria alma, não era eu quem conduzia, eu era conduzida por ela, exatamente como eu pensei que aconteceria.
Nesse momento tudo e todos estavam temporariamente estagnados, até a minha vida, como se o próprio tempo não existisse ou tivesse se perdido dentro de um labirinto.
Era assim que eu me sentia, como uma folha que flutua no ar, ao bel prazer da brisa.
A sensação que a música provocava em mim, era incompreensível até para mim mesma.
Nesse momento eu não era mais eu, eu era a própria música...
Capítulo 18 - Acepção
..Tive um sonho estranho.
Eu me vi de pé em frente a um espetacular lago, um pássaro sobrevoou suas as águas calmas, o vento soprou meus cabelos e uma profunda paz me invadiu.
Eu respirei fundo e o cheiro de mato inundou minhas narinas.
No horizonte eu vi a figura de Kaled vir em minha direção.
Ele parou bem na minha frente, sorriu calorosamente, endireitou os ombros e abriu um par de reluzentes asas, elas se elevaram três vezes mais altas que ele próprio, escuras, próximas ao seu corpo e incrivelmente translúcidas na ponta.
O sol tocou-as carinhosamente, tornando suas cores ainda mais brilhantes, o vento acariciou-as gentilmente e, elas fizeram um som suave e contínuo.
Ele esticou a mão para mim e disse:
– Vem comigo.